O raul está vivo!

Hoje, algures durante a madruga vi um video que me fez pensar sobre a morte, não da minha. Longe deste ser um daqueles momentos que envolvem um monte de pensamentos existencialistas. Dou então por mim a olhar para o vazio do meu quarto, literalmente para o vazio do meu quarto. O que acabei por pensar sozinho neste quarto levaria-me ao que está escrito em baixo.

Eis o vídeo em questão.

Ora dei por a mim a pensar 'mas que raio então o MJ morreu e agora surgem teorias de que ele afinal está vivo'.

Estas teorias que servem sempre para encher jornais e revistas sensacionalistas, que servem para que se criem videos no youtube e muito provavelmente vão encher num futuro próximo uma qualquer cidade americana com pessoas a imitar o MJ durante a sua golden age.Vejam o que aconteceu ao Elvis.

A verdade é que este parece ser um fenómeno bastante comum por terras do tio Sam, hoje ainda se fazem documentários que tentam provar que Elvis está vivo, como o do excerto que podem ver em baixo. E se é verdade que só me consigo lembrar destes dois exemplos (MJ e Elvis) isto se excluir  a fantástica história de Andy Kaufman. Andy imortalizado pelo seu sentido de humor nos US, mas que para o resto mundo não passa de uma personagem interpretada por Jim Carrey em Man on the Moon e de um tributo dos REM numa música com o mesmo nome. Andy teve a infeliz ideia de sugerir que um dia iria fingir a sua morte reaparecendo anos mais tarde, ora aquando da sua morte muitos não acreditaram e esperavam o seu retorno anos mais tarde, como este tinha afirmado. Ao que parece não era assim tão verdade e este está mesmo morto.

Mas por exemplo, se elvis realmente estivesse vivo e voltasse ao fim de 10 anos o mais provável é que ninguém acreditasse nele e provavelmente acusariam-no de ser uma pior imitação do que muitos daqueles que vagueiam por ruas dos States.

Parece existir portanto toda uma máquina que após a morte de um artista, que vendia só pela sua imagem, faz com que as pessoas queiram comprar este tipo de histórias mesmo depois do senhor já ter sido autopsiado (várias vezes), depois de já terem encontrado a causa de morte (várias vezes), depois de já ter sido anunciado o dia do funeral (várias vezes) mesmo depois de ter sido enterrado. Em suma após a morte de um artista aparecem sempre estes tipos de actividade cerebral duvidosa que ao anunciarem o falso milagre e espalharem teorias da conspiração esperam trazer a atenção pública para si, e também uns trocos. Público que após a perca de nome grande da sua cultura gosta de comer este tipo de histórias.

Quanto à tese de que vão surgir agora pessoas a vestirem-se como o MJ numa qualquer cidade dos US, talvez estivesse a ser um pouco redutor. MJ oferece um vasto leque de hipóteses mais ainda que o próprio Elvis. Por exemplo se nos estados do norte e na costa oeste vão surgir imitadores de MJ dos anos 90, na sua white-golden-age o mais provável é que nos estados maioritariamente negros do sul deverão surgir imitadores de MJ dos anos 80, da altura em que ele cantava thriller e dançava entre zombies ou seja quando ainda tinha a pele escura.

Agora a propósito do título deste post. Nós que importámos tantos hábitos dos Estados Unidos, nós que exportámos a ressurreição e ensinámos religião àqueles índios selvagens bem como os ideais mais básicos da civilização moderna. Nós que exportámos a raça branca e a negra  para uma terra onde só havia gente vermelha, porquê é que nós também não fazemos o mesmo com as pessoas que morrem por cá? Para quando um vídeo no youtube que mostre, afinal, um raul solnado bem vivo algures numa ilha do caribe a rir-se da sua "morte" enquanto fuma um belo dum charuto. Imagino ele a prestar atenção enquanto a sua filha fala mais uma vez com cristo e observa atentamente a participação da sua neta na mais recente novela barata na tvi onde com sorte  ela finalmente mostre as mamas.

Raul eu sei que estás aí, quando tiver 40 e tu tiveres os teus 120 vou fazer um documentário tal e qual o 2º video deste post e prometo que não te vou pôr barba. :D